sexta-feira, 3 de julho de 2009

Cigarrinho agora só na rua

A nova lei antitabaco vai mudar a rotina de muita gente nas empresas paulistas

Por ANDREA GIARDINO

Julio Gomes

Fizesse chuva ou sol, Benedito Donizete de Oliveira, de 43 anos, supervisor de operações da Johnson & Johnson em São José dos Campos, interior de São Paulo, o Benê, como é chamado pelos colegas, deixava a empresa diversas vezes ao dia para caminhar 1 quilômetro. Não era exercício, mas a rotina de um fumante em uma empresa que resolveu proibir de vez o cigarro. Primeira companhia no Brasil a obter o selo de ambiente livre de tabaco, há dois anos, a Johnson hoje tem menos de 3% de fumantes.

Histórias como a de Benê devem se tornar mais frequentes daqui em diante. Em dois meses, todas as empresas do estado de São Paulo terão de pôr um fim aos famigerados fumódromos e abolir o cigarro em suas dependências por causa da lei que acaba de ser sancionada pelo governador José Serra. Cigarro, agora, só na rua. No grupo ThyssenKrupp Bilstein Brasil, do setor automotivo, que nunca teve fumódromos, os funcionários que querem fumar precisam se deslocar para fora dos prédios. A empresa implantou diversas ações ligadas à saúde e à qualidade de vida dos funcionários. Os fumantes são incentivados a largar o vício por um programa que fornece a custo zero medicação, tratamento psicológico e acupuntura. Quem consegue ganha um tratamento de clareamento dos dentes. “No último ano, conseguimos fazer com que 30% das pessoas do programa parassem de fumar”, diz Alexandre Bamberg, presidente da Thyssen, que cita benefícios como a redução de pausas no trabalho, de gastos com assistência médica, afastamentos e melhora da disposição geral do funcionário. “Gente mais saudável e disposta acaba sendo mais produtiva.”

Uma pesquisa recente do laboratório Pfizer em 14 países colocou os empregadores brasileiros entre os mais dispostos a dizer adeus ao cigarro, com 87% de intenção. Na frente dos brasileiros, apenas os indianos, com 91%. Batizado de Global Workplace Survey, o estudo entrevistou 3 515 empregados fumantes e 1 403 empregadores de empresas com mais de 100 funcionários. O estudo apontou que para 98% dos empregadores e 95% dos funcionários é inaceitável fumar no ambiente de trabalho. Além disso, 44% dos funcionários e 80% dos empregadores acham que os funcionários não fumantes são mais produtivos.

A Johnson fez um programa de acompanhamento e subsídio de 80% do tratamento com reposição de nicotina. Mais de 400 pessoas aderiram a ele. Hoje, Benê só dá tragadas antes de sair de casa. “Reduzi de 15 para seis o número de cigarros diários e me sinto mais disposto.” Quem ainda está com o cigarro na mão, é bom ficar atento. Não há histórias de empresas que discriminem claramente candidatos fumantes às vagas, mas a situação pode mudar quando eles precisarem deixar a empresa para acender seu cigarrinho na calçada.

Cigarro é obstáculo

Restrições na contratação (%)

12,1 - antecedentes criminais

12,6 - fumantes

49,6 - alcoolismo

Fonte: estudo feito pelo Sebrae com 505 pequenas empresas

quinta-feira, 2 de julho de 2009

02/07/2009 - 10h45

Airbus da Air France que caiu com 228 a bordo não se partiu no ar, diz relatório

Do UOL Notícias
Em São Paulo
*Atualizado às 12h16

O relatório preliminar sobre o acidente com o voo AF 447, que caiu perto da costa brasileira no último dia 31 de maio com 228 pessoas a bordo, afirma que o avião da Air France não foi destruído no ar, mas quando caiu no Oceano Atlântico.

"O avião parece ter impactado a superfície da água em linha de voo, com forte aceleração vertical", afirmou Alain Bouillard, investigador-chefe da agência reguladora francesa BEA (Escritório de Investigação e Análise), ao apresentar o relatório nesta quinta-feira, em Le Bourget, cidade próxima a Paris.



Bouillard explicou que o Airbus bateu na água com a parte inferior da fuselagem. O leme da aeronave ainda fixado na sua estrutura. A BEA analisou 640 elementos do avião.

Segundo o relatório, não foi possível determinar a velocidade do impacto do Airbus no mar.

Buscas pelas caixas-pretas
Pouco mais de um mês após o acidente, as caixas-pretas ainda não foram encontradas. Segundo Bouillard, as buscas pelos equipamentos vão continuar até 10 de julho.

"Nos aproximamos do fim da emissão acústica das balizas. Esta primeira fase de busca irá terminar no dia 10 de julho", disse Bouillard.

Depois desta data, a segunda fase de busca terá início. Durante esta etapa, que durará um mês, as buscas serão feitas por meio de uma sonda.

O navio de exploração submarina 'Porquoi pas?' irá liderar as buscas. A tarefa é complexa, já que a procura pelas caixas-pretas é feita entre 3.000 e 3.500 metros de profundidade, no Oceano Atlântico.

Tubos de Pitot não são a única causa
Apesar do relatório e das análises, a BEA ainda está longe de descobrir as causas do acidente, segundo Bouillard.

De acordo com os investigadores franceses, os sensores de velocidade foram um fator, mas não a causa do acidente com o avião da Air France.

Bouillard disse que os sensores, chamados de tubos de Pitot, não podem ser considerados o único fator que levou à queda do Airbus.

Uma das mensagens automáticas emitidas pela aeronave indicou que o avião estava recebendo informação incorreta de velocidade dos instrumentos de monitoramento externos, e isso poderia desestabilizar os sistemas de controle.

Alguns especialistas dizem que os tubos de Pitot podem ter se congelado em pleno ar.

Tentativa de contato com Dakar
Os pilotos do voo AF 447 tentaram contato com Dakar, capital do Senegal, por três vezes, todas sem sucesso. A falha pode ter ocorrido porque Dakar não recebu o plano de voo.

"Isto não é normal", disse Bouillard, explicando que o controle do voo deveria ser passado dos controladores do Brasil para os do Senegal.

O investigador também afirmou que a França ainda não conseguiu acesso às necropsias dos corpos levados ao Brasil.